O plano de parto é uma ferramenta essencial que permite à gestante expressar suas preferências e decisões em relação ao trabalho de parto, parto em si e aos cuidados com o recém-nascido. Recomendado pela OMS e respaldado pela legislação brasileira, esse documento visa melhorar a qualidade do atendimento prestado às mães e bebês durante esse período crucial.
Conforme diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde sobre o pré-natal e parto, os profissionais de saúde têm a responsabilidade de receber, ler e discutir o plano de parto com a mulher ao longo da gestação. Dessa forma, cria-se um canal aberto de comunicação, que contribui para que a experiência do parto seja mais alinhada com as expectativas da gestante e sua família.
É importante reconhecer que o parto é um evento imprevisível e nem sempre ocorre como planejado. O plano de parto, porém, atua como um guia flexível e comunicativo, facilitando a interação entre a família e a equipe de atendimento. Antes de elaborar o plano, é aconselhável buscar informações detalhadas sobre o trabalho de parto, suas diferentes fases, procedimentos médicos típicos e, crucialmente, a questão da violência obstétrica. Isso ajudará a tomar decisões informadas e fundamentadas.
Ao criar o plano de parto, pode-se optar por formatos como uma lista ou carta. Nesse documento, é essencial abordar uma série de preferências, tais como:
- Local de Parto: Caso seja um parto domiciliar, informar qual hospital será usado como retaguarda.
- Acompanhante: Definir o acompanhante de escolha, protegido pela Lei Federal 11.108 de 2005.
- Profissionais Adicionais: Indicar a presença de doulas, parteiras ou fotógrafas.
- Parto Hospitalar: Se for o caso, especificar se deseja ser atendida por profissionais plantonistas ou particulares.
Além disso, é fundamental expressar posicionamentos e desejos referentes a intervenções como:
- Procedimentos: Tricotomia, enema e uso de ocitocina como rotina.
- Libertação de Movimentos: Preferência pela liberdade de comer, beber e movimentar-se livremente durante o trabalho de parto.
- Alívio da Dor: Uso de métodos não farmacológicos ou anestesia.
- Ruptura da Bolsa: Sua opinião sobre a ruptura artificial da bolsa amniótica.
- Posição para o Nascimento: Preferência por uma posição específica durante o parto.
- Cuidados com o Bebê: Contato pele a pele, amamentação exclusiva, aspiração das vias aéreas e gástricas, separação mãe-bebê, banho do bebê, uso de colírio de nitrato de prata, injeção de vitamina K e vacinação.
Desconfie de equipes que considerem o plano de parto desnecessário, pois essa ferramenta é um direito legítimo. Busque informações baseadas em evidências científicas e participe de grupos de gestantes para compartilhar experiências e obter apoio. Ter uma doula ao seu lado também pode ser valioso para ajudar a entender suas opções e estar preparada para a chegada do seu bebê. Esteja bem informada e preparada para esse momento transformador.
Ter um plano de pós-parto é crucial para garantir uma transição suave para a nova fase de vida após o nascimento do bebê. Aqui estão alguns itens essenciais que devem ser considerados ao criar um plano de pós-parto:
- Cuidados Maternos: Inclua detalhes sobre a sua saúde física e emocional após o parto. Isso pode envolver repouso, alimentação adequada, boa hidratação, exercícios leves e acompanhamento médico.
- Cuidados com o Bebê: Descreva como você pretende cuidar do bebê, na Lua de Leite e nos primeiros dias, incluindo amamentação em livre demanda, troca de fraldas, banhos, sono e momentos de interação.
- Rede de Apoio: Liste as pessoas que estarão disponíveis e autorizadas para ajudar durante esse período, como parceiro, familiares e amigos. Isso deve excluir opiniões invasivas e incluir tarefas domésticas como tirar o lixo dos banheiros, lavar a louça, fazer comida, colocar a roupa no varal ou na máquina... Faça uma lista com informações sobre mercados próximos, dias de faxina, dias de retirada de lixo na sua rua, contato daquela marmitinha delícia pros dias mais caóticos, entre outras coisas que você considere importante.
- Amamentação: É importante incluir informações sobre não ofertar bicos artificias ou oferecer outros alimentos ao recém-nascido como água, leite artificial, sucos, chás e também medicamentos. Busque auxílio logo caso enfrente dificuldades com a amamentação, tenha o contato de consultoras em aleitamento materno e doulas de pós-parto para chamar se for necessário.
- Saúde Mental: Reconheça a importância da sua saúde mental. Descreva estratégias para lidar com possíveis sentimentos de isolamento, ansiedade ou baby blues. Sempre considere a possibilidade de procurar ajuda profissional.
- Tempo para si mesma: Reserve um tempo para atividades que lhe tragam prazer e relaxamento, seja ler um livro, praticar ioga ou tomar um banho tranquilo. Isso ajudará a recarregar suas energias.
- Plano de Emergência: Tenha informações sobre hospitais próximos, farmácias 24 horas e números de emergência à mão. Qualquer coisa que precise, entre em contato com sua equipe de parto imediatamente.
- Rotina do Bebê: Embora a rotina do bebê possa ser imprevisível, ter um esboço de uma rotina diária pode ajudar a trazer alguma estrutura ao seu dia e ajudar a sua rede de apoio saber o que você espera deles.
- Atividade Física: Planeje gradualmente incorporar atividades físicas leves, como caminhadas, para ajudar na recuperação pós-parto. Consulte sua parteira.
- Comunicação Aberta: Mantenha canais de comunicação abertos com seu parceiro, familiares e profissionais de saúde. Falar sobre suas necessidades e preocupações pode ajudar a evitar mal-entendidos.
Lembre-se de que seu plano de pós-parto pode ser adaptado conforme suas necessidades individuais. A flexibilidade é fundamental, pois cada experiência de maternidade é única. O objetivo principal é garantir seu bem-estar e o do bebê durante essa fase especial da vida.
Boa hora!
Foto: Jessica Alves, parto domiciliar da Gabi, nascimento da Giovanna.
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