DPP: 15/09/2019
Data do Parto: 08/09/2019
3,600 kg
52 cm
APGAR 9/10
Primeira Gestação
Companheiro de vida: Vitor Hugo Cavalcante
PRÓDROMOS
Acordei umas 4:20 da manhã do dia 07/09 com MUITA cólica. Já tava com cólica desde a hora que deitei, lá pela 1h da manhã. Parecia vontade de fazer cocô, fiz bem pouco/nada. Voltei pra cama, fiquei um pouco sentada meditando e respirando. Deitei e... cólica. Fiquei no banheiro mais um tempo, voltei pra cama.
5:30 levantei com cólica. Comi tâmaras, coloquei água pra ferver pra fazer um chá, fiquei na bola até cansar. Fui pro sofá e fiquei sentada (deitada tinha mais cólica que sentada) com a bolsa de água quente no ventre e tomando chá de camomila com hortelã. Comecei a ter contrações sem ritmo.
Fora isso, me sentia bem!
TRABALHO DE PARTO
Percebi o ritmo das contrações às 6:45. Avisei meu companheiro, que já tava de sobreaviso desde mais cedo, que tinha pegado ritmo a coisa. Mandei mensagem pra minha mãe, falei pra ela que tava em trabalho de parto e que era pra ela fazer um bolo e vir pra cá. O combinado era que minha irmã viria, mas ela acabou tendo que viajar então sobrou pra mamãe... mas como tudo é perfeito dentro da ordem do universo, esse novo arranjo foi na medida. Minha mãe foi peça chave no nascimento do meu filho. Além de fazer e trazer um bolo delicioso de fubá com goiabada, fez companhia pra Elo (minha filha (não biológica) mais velha, de 4 anos) o tempo todo, e pra minha grata surpresa se manteve calma e paciente (quase) o tempo todo.
Depois que falei com a minha mãe, entrei no chuveiro e meu companheiro mandou mensagem pra parteira. Ela chegou por volta das 13h. Lembro de estar tocando Jorge Ben e depois Zeca Pagodinho. Lembro de ter ouvido uma música com os dois cantando juntos, era Ogum. Deus adiante, pai e guia! Eu estava vestida com as roupas e as armas de Jorge.
Era um sábado de sol, feriado de 7 de setembro, e o dia estava maravilhoso. Engraçado que na semana anterior todinha tinha chovido e feito frio. Eu tava numa onda FORTE.
Durante o dia, comi o que e quanto quis, e andei muito. Almocei de pé porque as contrações estavam bem próximas, e comi uns gomos de mexerica. O bolo da minha mãe ficou pro dia seguinte, e quando meus sogros chegaram eu tive medo de ficar sem bolo xDD... mas guardaram pra mim! Agachei, subi escadas, me alonguei, fiquei na bola, no chuveiro. Fiquei pouco na piscina, não me senti confortável. Fiquei mais pra não fazer desfeita, o Vitor tinha se empenhado em encher com água quente (ele ferveu muitas e muitas panelonas de água pra água da piscina ficar quente)... mas a verdade era que na hora que a piscina entrou em cena, mais nada me deixava confortável. O pior de tudo era a posição deitada, não conseguia ficar nem um minuto. Gritei bem à vontade sempre que quis, gemi bastante, ri e chorei também.
Ravi veio umas 13 horas depois do último registro que fiz no meu diário, perto das 13h da tarde. Foram 22 horas de trabalho de parto.
Ele nasceu às 02:34 da manhã do dia 08/09/2019, um domingo. O domingo mais marcante da minha vida. Nasceu no chão do nosso quarto, entre os pés da cama e a poltrona. Eu de cócoras bemmm lá embaixo mesmo, de costas pro Vitor, que tava sentado na poltrona segurando meus braços/axilas com os antebraços dele. A cabeça saiu numa força surreal que eu fiz (ou que se fez através de mim), depois de um puxo involuntário que foi o movimento mais inacreditavelmente animalesco que eu já senti meu corpo fazer. A força que fez o corpinho dele sair me pareceu, depois pensando, fora de hora. A Babi, parteira e amiga por consequência da intensidade do que compartilhamos, discorda. Fala que não existe erro nessas horas, mas eu me cobro bastante um certo nível de perfeição... tolice, eu sei. Na hora que saiu a cabeça, me desesperei. Achei que já tinha saído tudo, pela dor que senti (o círculo de fogo queima mesmo!). Aí quis que o corpo saísse logo, e fiz força voluntária, sem esperar o puxo natural. Laceração grau 1.
Assim que ele nasceu, cabeça e corpo (mas placenta ainda não), perguntei se ele estava bem. Eu não sabia ainda, mas essa se tornaria a minha pergunta diária, horária, minutária. Só quero saber se ele está bem, e nem sempre tenho resposta (ele não fala ainda xD). O Vitor e a Babi disseram que sim, e lembro de perceber mais uma presença ali com a gente: era a Lolô, nossa meninona. Ela é biologicamente nascida de outra mulher, mas quem cuida e cria diariamente é quem pode chamar ela de filha, e essa sou eu! ❤ Minha mãe também logo entrou no quarto (perto dele nascer, ela ouviu uns berros diferentes e não se aguentou... quis entrar no quarto, mas pedi pra que ela saísse. Não consegui verbalizar isso naquela hora, mas eu não ia conseguir me concentrar com ela ali. Ela odeia me ver com dor, eu sei disso, e eu tava com muita dor!), tirou fotos e filmou os primeiros minutos do Ravi no mundo.
Ele mamou a primeira hora todinha! Eu só conseguia olhar pra ele, acho que não se passava nada na minha cabeça nessa hora... eu só lembro do sentimento, da paixão, do orgulho de ter conseguido, de ter passado por uma gravidez, por um trabalho de parto, por um parto.
Sempre desejei isso sem nem saber o que era, e finalmente tinha chegado ali. É indescritível. Tudo que se pode falar sobre um parto, já não é o parto. É uma tentativa de descrever o indescritível. Válido, mas não chega nem aos pés da coisa em si.
Depois de algum tempo, senti mais puxos e pari a placenta. Que alívio! Que sensação doce e amarga ao mesmo tempo: tudo estava bem, eu estava bem e acho que sem dor (não lembro). Mas também já sentia uma saudade que sabia que nunca ia matar. A saudade dele no meu útero. Não é bem saudade da barriga, mas saudade de ter ele aqui, em mim, protegido, quentinho, sem nenhum desconforto. E nascer dói; eu não queria e não quero nem pensar nele com qualquer dor que seja. Mas tive que pensar, e penso sempre que o vejo dando sinais de adaptação ao mundo externo; à claridade, aos sons, cheiros, às sensações corporais. Tudo pra ele é novo, e o novo é um nascimento, e dói. Outras novidades virão, e pra essas ele já vai estar mais resistente. E assim ele vai se tornando o que veio ser aqui na Terra. Ele passou através de mim, e agora ele ainda depende de mim. Peço a todos os seres de luz que me mostrem o melhor jeito de cuidar dele, não sem antes e depois agradecer pelo milagre que eu presenciei naquela madrugada enfim silenciosa (principalmente se comparada às horas que vieram antes, cheias com os meus gemidos, gritos e finalmente urros).
Papai Vitor cortou o cordão, e dormimos os 3 na nossa cama.
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