Depoimento – Fernanda Borella

Em partos humanizados normalmente não há medição de dilatação (pq confiamos que a natureza sabe oq faz e do seu jeitinho, sem seguir uma regra igual pra todo mundo, como dilatação de um centímetro por hora), então não vou saber dar esse dado pra vcs. O que eu fazia de vez em quando era algum toque pra ver se sentia ele descendo, mas confesso que isso foi me deixando mais desesperada, pq eu estava sentindo uma dor imensa e, na minha concepção mental ansiosa, ele não descia nunca. E ai mais uma vez a importância de ter pessoas queridas e confiantes ao seu redor se faz presente, pq com o apoio do gui (que ficou ali do meu lado o tempo todo me dando confiança de que daria tudo certo) e a ajuda emocional da doula e da parteira, eu me lembrava que aquele momento era passageiro, que eu era capaz de ultrapassar essa vivência e proporcionar pro meu filho uma vinda ao mundo onde ele também se sentisse capaz (pra quem não sabe o bebê tem que querer vir ao mundo e fazer um belo esforço pro parto natural acontecer) e confortável pra fazer essa nova jornada na Terra.

Lembro de perguntar pro gui em determinado momento que horas eram e ele disse 09:09; pra mim eu já estava no meu limite. Dali pra frente meu psicológico já estava bem cansado e meu corpo mais ainda (afinal eu só tinha dormido 30 minutos antes da bolsa estourar e tudo começar), e um corpo descansado faz toda diferença já que seu corpo está trabalhando intensamente a todo o momento.

Lembro da babi me sugerir tentar dormir entre uma contração e outra e eu logo pensei “ela ta louca ne, impossível”, mal sabendo que meu corpo já estava tão cansado que faria isso naturalmente. Sim, a partir de umas 10h e pouco eu simplesmente apagava. Acordava com a dor aguda, pedindo ajuda pra passar por ela e apagava de novo.

Sobre a dor: sim, é a dor mais forte que senti na vida. A pior parte acho que é quando a criança está saindo, pq é uma mistura de dor de contração (que já é bem forte) com a dor insuportável de um objeto gigante (vulgo cabeça do seu filho) rasgando sua vagina e empurrando seu osso pra passar. E no meu caso, ele não saiu de uma vez, então passei umas 4 ou 5 contrações pedindo pelo amor de todos os santos e deuses (e principalmente pro próprio Haspen) pra ele sair logo. É uma dor impossível de suportar? Não (apesar de na hora parecer que sim). Se eu pudesse voltar no tempo a única coisa que eu mudaria era meu preparo psicológico pra aquele momento. Talvez separado algumas meditações guiadas e hipnoses (são mais usadas do que vcs imaginam) pra fazer antes e durante o parto e preparado meu inconsciente pra viver aquela dor, mas só.

Eu demorei pra fazer esse relato muito porque eu demorei pra conseguir olhar pra esse dia por medo de revivenciar a dor. Mas existem muitos relatos de mulheres que sentiram diversos prazeres e o momento foi lindo, então se eu tenho uma dica é: se preparem.

Uma coisa que me ajudava muito a tranquilizar era saber que o Haspen estava bem, então pedia bastante pra babi ver como estavam os batimentos dele. O meu medo era de, como eu estava muito cansada, ele cansar também e termos que ir para o hospital enfrentar uma cesária. Mas graças às deusas o bichinho é forte e eu também, e ouvir seu coraçãozinho pulsando forte me dava forças pra continuar.