Meu parto foi a coisa mais incrível, visceral, animal e ao mesmo tempo humana que já fiz na minha vida.
Resumindo o antes: eu, privilegiada, tenho convênio e fui em busca de um médico para fazer meu parto, mas percebi que plano de saúde e meu desejo de ter um parto normal não dava Match (não combina). Foi aí que entrou uma profissional que todas as gestantes deveriam ter (sei que muitas mulheres não podem arcar com isso), a Doula Laura Simões deu a ideia de fazermos uma vaquinha para arcar com os custos de um parto humanizado com uma equipe particular. Fizemos uma vaquinha online e deu muito certo.
🙏 Muito grata a todos que nos ajudaram!
Gravidez tranquila, senti apenas os sintomas típicos, tipo ficar insuportável, enjoada, lesada e tudo mais... No dia 10/08 as 18h26 estava eu em casa ensaiando uma peça de teatro de Nelson Rodrigues e decidi ir ao banheiro. Lá estava o tampão. Avisei no grupo de WhatsApp da equipe.
18h59 primeira contração. A primeira já foi muito forte, pensei: caramba, se o começo é assim a coisa vai ser bem complexa mesmo rsrs... fiz uma cara de tudo bem para não assustar as meninas e tudo certo. Lá estava eu com amigos do teatro, Inaiara, Mayara e Talita, esperando o Bruno chegar.
Como ele não estava em casa, avisou a nossa vizinha, amiga, também doula e futura enfermeira obstetra, Mariana (sortuda eu né?). Bruno chegou às 20h depois de umas 4 contrações.
Estávamos já interagindo com a equipe pelo grupo do WhatsApp, mas, como estava bem no início, a equipe ainda não havia vindo pra minha casa. A Mari começou achar que as minhas contrações pareciam mais fortes do que o normal para um começo de parto. Laura (minha doula) disse estar a caminho e pediu para eu ir para o banho, mas avisou que o banho poderia nos levar a dois rumos: ou as contrações iriam acalmar ou aumentar, e isso seria a resposta que precisávamos, saber se, de fato, eu estava em trabalho de parto.
Enquanto isso, minha parteira, Babi, pediu no grupo para o Bru me perguntar: de zero a 10, quanto estava a dor? Na hora eu pensei, não vou falar 10, se não elas vão me achar muito frouxa, né?! Afinal, acabou de começar o trabalho de parto. Falei 6. Entrei no banho e voilà, as contrações passaram de 10 min de intervalo para 1 min. Mudei de ideia imediatamente, gritei para o Bruno, a dor é 10, é 10, fala pra ela, por favor...rsrsrs...Então a Mari me examinou e pumba, menos de 2 horas da primeira contração, 9 de dilatação. Avisamos toda a equipe e estavam todos a caminho da minha casa.
Aí veio a questão. Pode não dar tempo de chegar ao hospital, mas nós tentaríamos. Nosso plano inicial era que a Babi, (Parteira ou enfermeira obstétrica. Gosto mais de falar parteira) viesse de carro para nos levar ao hospital, mas, por morar mais distante, ela ainda não tinha chegado. Não tínhamos plano B. Então eu ouvi alguém dizer: vamos chamar um Uber. Kkkkk...Lembro de ver Mayara (amiga) chamando o carro, mas foi tudo tão rápido que a possibilidade do bebê nascer no carro era muito grande. Então eu tive que decidir. Bruno e eu nos olhamos, eu olhei para a minha equipe e disse, fico. Claro que para tomar essa decisão, consideramos o fato de eu ter uma equipe de parto humanizado, habituada a fazer partos domiciliares. Que eu tinha graças a vaquinha🙏🙏.
Também não havia tido nenhuma complicação na gestação e durante o trabalho de parto até ali.
00h15 do dia 11/08/19 o Martim nasceu.
O que dizer dessa experiência. Foram as horas mais dolorosas da minha vida e, ao mesmo tempo, o momento mais feminino, de maior cumplicidade entre eu e essa equipe linda, e claro, no aconchego do meu amor, Bruno. Éramos 6 mulheres mais o Bruno naquele quarto. Foi muito amor. Nunca pensei que um parto poderia ser assim. Tão lindo.
Quando criança, desejava ter nascido homem, não achava justo as mulheres terem que passar por isso e os homens não. Dizia que não queria ter filhos por conta desse registro horrível que tinha de parto. Engraçado que desde tão pequena essa imagem negativa já me era vendida. Hoje sei como somos privilegiadas por poder dar a luz. Parir é um privilégio e não um martírio.
Nós mulheres precisamos nos conscientizar disso e lutar para que mais mulheres tenham a oportunidade de ter essa experiência sem violência como atualmente acontece, para que os partos voltem a ser um momento feminino e sagrado, não um procedimento hospitalar, vazio, violento, humilhante e traumatizante. Afinal é dar a luz que chama né?
Gostaria de agradecer imensamente minha equipe querida que me auxiliou com tanto amor, carinho, competência e profissionalismo. Babi, Laura e Mari, que acabou me presenteando com sua ajuda. Muito obrigada.
Obrigada Mayara por sua amizade apoio e pelos vídeos e fotos. Amei. 🙏🙏🙏
E muito obrigada meu amor Bruno Autran por estar do meu lado o tempo todo me apoiando. Te amo!!!
Tire suas principais dúvidas sobre o parto domiciliar planejado e viva essa experiência com segurança e autonomia.