A proposta do parto domiciliar nos dias atuais é planejar o parto e nascimento num ambiente familiar, com respeito, carinho e segurança.


Toda gestante tem o direito de escolher o local que melhor se adequa às suas necessidades individuais para parir.
O parto domiciliar existe desde o início dos tempos mais antigos. Todas as nossas ancestrais davam à luz em suas próprias casas, sozinhas ou com a ajuda de outras mulheres da comunidade, que eram experientes em acompanhar gestantes e nascimentos.
Com a interferência da medicina no cenário do parto, os saberes das parteiras tradicionais foram substituídos pelo atendimento médico. Então, com o avanço da tecnologia na medicina, rapidamente os nascimentos começaram a acontecer principalmente nos hospitais.
Dessa forma, o número de nascimentos por cesariana aumentou loucamente no mundo - sobretudo no Brasil, que é o segundo país recordista em cesáreas do planeta.
Em algumas gerações, o cuidado com a saúde da mulher e da gestante foi deixando de ser feminino e natural, e passou a ser médico, institucional e cirúrgico.
Tristemente, com essa intensa mudança do ambiente dos nascimentos e a perda do protagonismo feminino no processo do parto, os relatos de violência obstétrica e neonatal começaram se tornar cada vez mais comuns.
Nós, mulheres, começamos a perder nossos direitos (aqueles direitos considerados humanos) em um dos momentos mais importantes das nossas vidas: o parto.

Uma das principais vantagens do parto domiciliar é o aumento significativo do protagonismo feminino nas decisões sobre seu corpo e seu bebê.
A realidade obstétrica do Brasil evoluiu para uma alta taxa de morbimortalidade materna e infantil. E isso se tornou um grande problema! Ficou evidente a necessidade de se reduzir o número alarmante de cesarianas desnecessárias no país.
Então, nos últimos anos, começaram a ser criadas políticas públicas de saúde para a mais efetiva e importante mudança no sistema de assistência obstétrica brasileiro: inserir mais enfermeiras obstetras e obstetrizes no cuidado de gestantes de baixo risco no SUS.
Sim! O atendimento feito por parteiras treinadas no SUS tem mostrado aumento na qualidade da assistência durante o pré-natal de baixo risco, aumento na escolha pelo parto normal, melhora nos desfechos dos partos para os bebês, redução de intervenções e procedimentos invasivos desnecessários e aumento dos relatos de satisfação com a experiência de parir.
A crescente onda do movimento feminista na América Latina e no mundo, popularizou importantes diálogos sobre o empoderamento feminino, autonomia nos cuidados de saúde feminina, violência de gênero, maternidade, amamentação e violência obstétrica nas últimas décadas. Tudo isso potencializou o ressurgimento do interesse pelo parto domiciliar.
Sim! Cada vez mais mulheres no Brasil e ao redor de todo mundo estão buscando uma abordagem mais natural, baseada em evidências científicas e menos medicalizada para o nascimento de seus filhos.




É importante fazer uma rigorosa triagem de riscos durante o pré-natal para garantir a segurança do parto em casa.
De acordo com as evidências científicas atuais, o parto domiciliar é considerado seguro para gestantes de baixo risco, ou risco habitual; quando assistido por parteiras qualificadas e experientes, com conhecimento para monitorar o progresso do trabalho de parto, identificar e resolver possíveis complicações.
Menor risco de infecções
Além do cuidado individualizado e humanizado, o parto domiciliar oferece principalmente um menor risco de ter infecção hospitalar, já que mãe e bebê NÃO são expostos à patógenos resistentes que só existem nos hospitais e não são comuns em casa. Mesmo que no parto domiciliar não haja risco de contaminação com micro-organismos hospitalares, todo cuidado é tomado com os pets, as crianças, a limpeza do ambiente e atenção ao risco biológico.

O ambiente do parto tem impacto significativo no relato de experiência da mulher.
O parto em casa oferece um ambiente mais íntimo e acolhedor, onde as mulheres podem se sentir mais confortáveis e seguras durante o trabalho de parto. Há a possibilidade de se escolher em qual cômodo se deseja receber o bebê, pode inclusive parir embaixo de uma árvore no jardim. É possível também escolher em qual posição deseja parir de acordo com o que se sentir mais confortável.
Parir em casa aumenta a sensação de controle e autonomia que as mulheres experimentam. Há maior liberdade para criar um ambiente personalizado, mantendo seus próprios rituais e costumes, com a presença de pessoas de sua confiança. Ninguém desconhecido para a gestante estará presente no momento do nascimento de seu filho.
Tudo isso contribui positivamente para o bom progresso do trabalho de parto e parto.
Você já parou pra pensar que quase todas as nossas ancestrais pariram em casa?
É preciso valorizar a sabedoria e a tradição de nascer e parir em casa.
Nossas ancestrais conheciam a natureza, os ciclos naturais, seus corpos, seus ciclos… Elas conheciam a fisiologia do parto e do nascimento. Elas sabiam que o parto é um processo natural e instintivo, que pode ser vivenciado de maneira mais tranquila e segura em um ambiente familiar e com a assistência de uma parteira experiente.
A abordagem natural do parto domiciliar reconhece que o processo de nascimento deve ser respeitado e acompanhado de perto, mas sem intervenções desnecessárias e perigosas.
Boa hora!
Babi Parteira
